domingo, 23 de maio de 2010

A sensação era muito forte. Hefestos precisava de descanso, voltar para seu reino enfurnado no intestino da terra, sentir o calor de suas forjas a tentar aquecer-se para trocar a sensação (que, afinal, nem era algo ruim, só diferente. Voltou. Mas era impossível, tudo o fazia voltar até o incidente da seta. Havia ido ao MVSEV elá se deparara com o sublime, o Belo. Talvez pelo seu embrutecimento causado pelo trabalho, ele não estivesse pronto para aquilo. Como era possível que, no mesmo universo que ele houvesse algo semelhante àquela visão ? Suave brisa caminhava ela. Sutil como um olhar distraído. Diáfana, esse era o termo: DIÁFANA, repetiu ele....para em seguida repetir: Calíope, lentamente, como se saboreasse os pequenos pedaços de ambrosia servidos no OLYMPO aos que são como ele...Calíope.........C-A-L-Í-O-P-E.................C...a...l...não pode mais, não podia mais, Por que Zeus fazia aquilo ?De onde surgia ela. E então surgiu-lhe uma nesga de mortalidade: saber-se tão menor (embora um Deus), saber-se indigno (embora um Deus), sabê-la intangível (uma musa), saber que tudo abarca e nada aperta (ruim para um Deus, isso). Sentiu-se desajeitado (mais ainda do que pelo seu defeito físico). E então algo começou a se dimensionar dentro dele (que ele cria que era o que os mortais chamam de sentimento) um misto de ódio de tudo com fraqueza, vontade e falta de força (Hefestos acha que é a isso que chamam tristeza) por saber-se nunca merecedor de nada mais que não fosse apenas contemplá-la ao longe e repetir...C...a...l...í...o...p...e (quanta doçura numa só palavra)

sábado, 1 de maio de 2010

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Desde então Hefestos sente-se aéreo (o que é difícil para um deus das entranhas da terra).
Eros pediu perdão, ele não teve culpa, Hefestos sabe: o amigo não fez por mal. O agora frágil Hefestos sente um torpor percorrer-lhe o corpo, se ele fosse um mortal talvez aquele fosse o torpor do que chamam morte, uma sensação suave quase uma vontade de dormir mesclada à vontade de rir devagar...................................................................................................................................................................